
O atraso de cerca de 11 meses na conclusão da obra da passagem ferroviária na Estrada Regional 261(ER261), a cargo da Infraestruturas de Portugal (IP), e o consequente encerramento da via à circulação rodoviária motivaram uma ação de protesto convocada pela Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Santiago do Cacém, que decorreu no dia 2 de julho.
Perante os presentes intervieram o representante da Comissão de Utentes, Dinis Silva, o Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, a Presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra, Isabel Contente, e o Presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), Vítor Proença.

Álvaro Beijinha, Presidente da CMSC, fez questão de esclarecer que a obra não é da responsabilidade da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, “é importante clarificar, que a responsabilidade da obra é inteiramente da Infraestruturas de Portugal (IP). Estivemos presentes em todas as reuniões com a IP, na apresentação do projeto e respetivas retificações. Nós temos mantido um contacto permanente para sabermos sobre os sucessivos atrasos na obra. Antes da realização desta concentração a IP emitiu um comunicado à comunicação social, em que não referem o nome da Câmara Municipal em circunstância alguma. Fui contactado, antes do início desta ação, por um responsável da IP que me deu nota do seu conteúdo no qual é referido que o atraso da obra se deve única e exclusivamente às dificuldades que o empreiteiro tem tido na subcontratação de serviços – algumas dessas empresas entraram em insolvência e não executaram os trabalhos. Existe também um problema com o talude (lado direito sentido Santo André – Santiago do Cacém) executado nos anos 30 e que não foi devidamente avaliado, a nível geológico, antes do início da obra e não ficou previsto na empreitada, o que contribuiu para aumentar o tempo de paragem da mesma.” O Autarca reforçou ainda “que fique bem claro que o atraso da obra não é da responsabilidade da Câmara Municipal, como se tem crido passar para a opinião pública. Lamento que, ao longo da obra a IP não tenha sido mais transparente e informado dos constrangimentos associados à paragem da mesma.”

O Presidente da CIMAL, Vítor Proença, enfatizou que “a obra iniciada em agosto de 2023 tem provocado inúmeros transtornos à população, afetando a mobilidade e a segurança dos munícipes que utilizam diariamente a ER261, via que liga as cidades de Santiago do Cacém e Vila Nova de Santo André. A situação compromete também o acesso ao Hospital do Litoral Alentejano e os serviços de socorro à população, não só de Santiago do Cacém, mas também os municípios vizinhos”.

A intervenção na ferrovia é estruturante para a região e para o país, assegurando a ligação entre o Porto de Sines e Espanha, e há muito que era reivindicada pelos Municípios. A previsão inicial de execução da obra, avançada pela IP, era de 10 meses.

Toda a obra até Ermidas-Sado está concluída, com exceção da passagem ferroviária sobre a ER 261, devido às dificuldades enfrentadas pelo empreiteiro. A reabertura da estrada (ER261) está prevista para ocorrer durante os próximos dois meses.
No final da concentração, foi aprovada por unanimidade uma moção que considera a situação “inadmissível” e exige à IP e ao Governo a “urgente conclusão desta obra”.
A empreitada de modernização da ligação ferroviária entre Sines e a Linha do Sul, com um investimento de cerca de 28,5 milhões de euros, tem como principais objetivos eliminar os atuais constrangimentos de capacidade e potenciar as condições de exploração e de segurança na Linha de Sines.