
“Salientamos que ninguém está contra a execução da autoestrada, nem contra o construtor. Aliás todos desejamos a sua concretização. A nossa revolta está em não conseguirmos perceber em que estado vão ficar os acessos às nossas casas e terrenos após terminarem as obras. Vemos nesta obra a oportunidade de garantir uma significativa melhoria na qualidade de vida e na redução de despesas anuais em reparação e manutenção de viaturas. Relembrar que toda a região e esta zona, tem tido um aumento na procura de habitação de qualidade e do turismo, também por isso é importante minimizar de todas as formas o impacto da via. Pedimos aos responsáveis que considerem a reparação das vias paralelas com um piso duradouro, em alcatrão ou similar com uma largura de 4 metros . Pedimos a criação destas mesmas vias onde elas não existem e limitam o acesso, nomeadamente a terrenos de produção agrícola, esta via paralela foi criada no primeiro segmento da autoestrada entre Sines e as Relvas Verdes. Pedimos que, pelo menos uma das passagens subterrâneas fique com altura para passagem de viaturas de maior dimensão, ou que se construa uma passagem aérea para esse efeito. Dou como exemplo as cargas de cortiça, viaturas de combate a incêndios e o movimento de máquinas para limpeza de terrenos que se deslocam em camiões. Pedimos que tenham em conta o impacto no bem-estar da população aplicando barreiras acústicas em todas as zonas com habitações a menos de 500 metros das vias. (Mesmo que seja uma casa isolada)” referiu Nelson Gamito Pereira, um dos promotores da iniciativa.
A obra, a cargo da Infraestruturas de Portugal (IP) e financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “prevê a melhoria das condições de circulação e segurança”, com a duplicação do troço do IP8 para perfil de autoestrada, com cerca de 15 quilómetros, entre o nó do Roncão e das Relvas Verdes, no concelho de Santiago do Cacém.
O Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, reiterou as palavras de Nelson Gamito no direito das pessoas no acesso às suas habitações e dos proprietários dos terrenos, do qual depende o seu negócio, ligado à floresta, “esta obra é fundamental para o desenvolvimento da região, mas não pode ser feita à conta das pessoas” e deu o exemplo de uma ambulância que não conseguiu chegar a uma das casas para prestar auxilio a um dos moradores, que vivem do outro lado do IP8, na sua maioria idosos. O autarca já pediu uma reunião “com caráter de urgência “ ao secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, mas até ao momento aguarda resposta.
Na iniciativa estiveram também presentes o Vereador da Câmara Municipal, Albano Pereira, Susana Pádua, os Presidentes das juntas de freguesia de São Francisco da Serra, Pedro Gamito, da União de Freguesias de Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra, Isabel Contente e de Melides, Bruno Mateus. Este último manifestou a sua solidariedade com as freguesias vizinhas e salientou que também as vias paralelas do IP8, no território de Melides, serão afetadas com o avançar da obra.